17 de mar. de 2010

O acompanhamento constante à saúde infantil pode evitar aumento da taxa de sinistralidade

O acompanhamento constante à saúde infantil pode evitar aumento da taxa de sinistralidade


por Henrique Shinomata*
11/03/2010

"O correto é que esses profissionais não se transformem somente em diagnosticadores de problemas, mas que se crie uma política de prevenção"
A taxa de crianças com problemas crônicos de saúde, incluindo obesidade, asma e déficits de aprendizado,  dobrou em 12 anos, conforme um novo estudo publicado no JAMA (The Journal of the American Medical Association, 17 de fevereiro de 2010), de  1 para 8 crianças em 1998 para  1 para 4 crianças em 2006 tinham alguma doença crônica.

Além de obesidade e asma, também foram diagnosticados alergias, problemas cardíacos, alterações visuais e auditivas, e déficits comportamentais e de aprendizado (hiperatividade/déficit de atenção), entre outros. Segundo últimos estudos, os possíveis fatores desse aumento são situações, que se acumulam ao longo da infância da criança, podendo ser, por exemplo, o aumento da sobrevivência de prematuros e crianças com câncer e outras doenças. Ora, num primeiro momento pode se pensar que a "salvação de um recém-nascido" é o suficiente, no entanto, a falta de acompanhamento e de suporte durante a infância pode trazer situações extremamente delicadas na sua saúde e desenvolvimento.

Crianças frequentemente têm doenças agudas de curta duração, tais como infecções no trato respiratório superior ou no ouvido, doenças gastrointestinais com vômitos e diarréia, ou traumas. Entretanto, algumas desenvolvem doenças crônicas decorrentes à hereditariedade, fatores ambientais, ou uma combinação dos dois. A exposição antes do nascimento (intrautero) ao fumo e ao álcool também pode afetar a saúde do bebê. Por isso, a necessidade de um acompanhamento constante antes mesmo do nascimento.

Mesmo com o acompanhamento de profissionais no desenvolvimento do bebê, o correto é que esses profissionais não se transformem somente em diagnosticadores de problemas, mas que se crie uma política de prevenção e conscientização junto aos pais. Encorajar hábitos saudáveis alimentares desde o pré-natal, incorporar atividades físicas diária para evitar o sedentarismo e acompanhar o desenvolvimento intelectual para diagnosticar de forma precoce um possível déficit de desenvolvimento e aprendizado são alguns dos procedimentos que devem ser uma constante.

O acompanhamento médico é importante para todas as crianças, pois aumenta a chance de  uma doença crônica ser diagnosticada e tratada precocemente constituindo um menor impacto para a criança e sua família, assim como para o sistema de saúde, pois se um quadro é bem assistido se torna desnecessário a utilização dos recursos, como diagnósticos e terapêuticos. Dessa forma, o enorme esforço na hora de evitar a morte prematura de crianças não resultará na formação de indivíduos com a saúde deficitária, mas sim pessoas saudáveis e sem maiores traumas infantis.





* Henrique Oti Shinomata - Formado em Medicina pela Faculdade Santa Casa de São Paulo, Henrique Oti  Shinomata é médico ginecologista e obstetra. O especialista também é vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Seguro. Possui MBA Executivo Internacional em Ohio (EUA) e é mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Sua tese baseou-se no tema "Retorno sobre o investimento de um programa de atenção domiciliar em uma seguradora especializada em saúde".